15/05/2024

Políticos amazonenses repudiam fala da ministra Marina Silva ao tratar BR-319 como serventia para apenas “passear de carro”

Gilson Almeida | Radar
radarnewsamazonas@gmail.com

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, compareceu na segunda-feira (27) à convocação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs, para responder os questionamentos e colocações do presidente do colegiado, senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, e do relator, senador Márcio Bittar, do União do Acre, que pediu a presença da ministra no Senado.

Na ocasião, foram expostas crianças indígenas sem assistência de saúde e protestos sobre atuação de ONGs, além de críticas à falta de asfalto da BR-319. As péssimas condições da rodovia geraram uma discussão entre a ministra e os parlamentares. A ministra apresentou argumentos do ponto de vista ambiental, social e econômica e falou “não se faz uma estrada de 400 km no meio de floresta virgem apenas para passear de carro” o que políticos amazonenses repudiaram veemente por defenderem que o asfaltamento da BR-319 irá tirar o estado do Amazonas do isolamento do restante do país.

A carência de infraestrutura da BR-319 que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) veio à tona novamente nos últimos anos com a dificuldade de transporte de insumos e oxigênio para o Amazonas na pandemia durante o governo de Jair Bolsonaro e nesse ano quando o estado enfrenta a maior estiagem já registrada que deixou todos os 62 municípios amazonenses em situação de emergência. Segundo dados da Defesa Civil, o Amazonas tem 599 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 150 mil famílias, que enfrentam dificuldades para terem acesso a água potável e alimentos.

Entre o que se manifestaram está próprio senador e presidente da CPI das ONGs, Plínio Valério, que usou as redes sociais para se posicionar.

“A BR-319 já está pronta, Brasil. É só asfaltar. Nenhuma árvore será derrubada. E olha o que a ministra disse na CPI: ‘Não se faz uma estrada de 400km, no meio de floresta virgem, apenas para passear de carro”. O que você, amazonense, acha disso?’, indagou.

O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade (UB), informou estar indignado com as declarações de Marina Silva.

“Nós queremos a BR-319 porque enxergamos nela uma oportunidade real e viável de prosperidade econômica e social para o nosso Estado. Mais uma vez, eu e os demais deputados estaduais do Amazonas repudiamos a falta de compromisso da ministra Marina com o povo do Norte, do qual ela também faz parte. No entanto, faz questão de virar as costas. O Norte, o Amazonas e os amazônidas merecem respeito”, repudiou.

A Aleam divulgou uma Nota de Repúdio contra a ministra assinada pelos 24 deputados estaduais.

“A Assembleia Legislativa do Amazonas, em nome de seus 24 deputados estaduais, repudia, veementemente, o posicionamento da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que durante seu depoimento na CPI das ONGs, no Senado Federal, mais uma vez, se mostrou intransigente e contrária à recuperação da rodovia BR-319. A ministra não consegue reconhecer a importância social e econômica da estrada, fundamental para tirar o Amazonas do isolamento rodoviário, reduzindo o principal pleito de todos os amazonenses a uma ‘vontade de passear de carro’. Esta Casa já emitiu uma Moção de Repúdio contra tal intransigência, anteriormente, e continuará sempre se posicionando todas as vezes em que nosso Estado for prejudicado”.

O presidente da Câmara Municipal de Manaus, vereador Caio André (Podemos), pontua que as falas da ministra demonstraram sua posição contrária à recuperação da BR-319.

NOTA OFICIAL

O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Caio André (Podemos), em nome de todos os parlamentares da 18ª Legislatura, repudia a fala da Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que durante depoimento na CPI das ONGs, no Senado Federal, proferiu falas que demonstraram, mais uma vez, seu posicionamento contrário à recuperação da BR-319.

É preocupante que a ministra refira-se à rodovia, fundamental para tirar o Amazonas do isolamento, como uma estrada que serviria apenas para “passear de carro”. A BR-319 é essencial para promover o progresso econômico e social do Amazonas e esta Casa Legislativa lutará pela pavimentação total da rodovia.

Manaus, 28 de novembro de 2023

Caio André Pinheiro de Oliveira

Presidente da Câmara Municipal de Manaus

O vereador Alex Garcia (PSD), presidente da Câmara Municipal de Parintins, também repudiou o posicionamento da ministra Marina Silva sobre a BR-319.

Nota de Repúdio

A Câmara Municipal de Parintins, por meio de seu Presidente, Vereador Alex Garcia (PSD), expressa veementemente seu repúdio ao posicionamento da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, proferido durante a audiência da CPI das ONGs no Senado Federal em 27 de novembro de 2023.

Ao desmerecer a importância da BR-319, a ministra afirmou que os amazonenses anseiam pela construção da rodovia “apenas para passear de carro”, minimizando a importância crucial dessa via para o desenvolvimento econômico, social e logístico da região amazônica.

Esta Casa Legislativa reitera a relevância da recuperação, manutenção e pavimentação da BR-319 para o progresso do Amazonas e do país como um todo. Reconhecemos a indiscutível contribuição dessa malha rodoviária para a integração territorial, o desenvolvimento de comunidades e o fortalecimento das regiões amazônicas.

O legislativo parintinense continuará a se posicionar em defesa da BR-319, defendendo os interesses da população e ressaltando a importância estratégica dessa rodovia para o crescimento sustentável e a conectividade regional.

Alex Garcia Cardoso

Presidente da Câmara Municipal de Parintins

A CPI das ONGs investiga a liberação, pelo Governo Federal, de recursos públicos para ONGs, e OSCIPs, bem como a utilização desses recursos  e outros recebidos do exterior por essas entidades a partir do ano de 2002 até a data de 1º de janeiro de 2023, usados indevidamente para descumprir os objetivos para os quais esses recursos foram destinados originalmente, operando inclusive contra interesses nacionais, casos de abuso de poder, com intromissão dessas entidades em funções institucionais do poder público e a aquisição a qualquer título de terras por essas entidades.

Assista o depoimento da ministra Marina Silva na CPI das ONGs.