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Baixa da Xanda é reconhecida como quilombo e família Monteverde celebra conquista histórica em Parintins

A certificação representa uma vitória histórica para uma das localidades mais tradicionais do município

Gilson Almeida
Por: Gilson Almeida
06/06/2025 às 22h16
Baixa da Xanda é reconhecida como quilombo e família Monteverde celebra conquista histórica em Parintins
Foto: Yasmin Cadore e Divulgação.

A comunidade da Baixa da Xanda, em Parintins (AM), foi oficialmente reconhecida como quilombo pela Fundação Cultural Palmares, por meio da Portaria FCP nº 128, de 30 de maio de 2025. A certificação representa uma vitória histórica para uma das localidades mais tradicionais do município e marca um passo importante para a valorização cultural e o acesso a políticas públicas específicas.

Fundada pela família Monteverde — descendente de negros retirantes africanos — a Baixa da Xanda é uma comunidade formada por pescadores pretos, ribeirinhos e indígenas. O processo de aquilombamento teve início com Dona Germana, avó de Lindolfo Monteverde, criador do Boi Garantido. No entanto, foi sob a liderança de Dona Alexandrina — mulher negra, parteira, benzedeira e mãe de Lindolfo — que a comunidade se consolidou como território quilombola nos anos que sucederam a abolição da escravidão.

Dona Alexandrina teve papel essencial na formação do território, que ficou conhecido como reduto do Boi Garantido e palco das primeiras manifestações do bumbá no terreiro afro-indígena da zona rural de Parintins.

Para Cleumara Monteverde, neta de Lindolfo e uma das lideranças atuais da comunidade, o reconhecimento é motivo de celebração e resistência. Ela é responsável pela produção do documentário Símbolos de Resistência da Baixa da Xanda, financiado pela Lei de Incentivo à Cultura Aldir Blanc, que pretende fortalecer a identidade quilombola local e destacar as tradições culturais mantidas pela família, como rezas, ladainhas e a matança do Boi Garantido.

“Essa certificação é a nossa ‘carta de alforria’. É quando o Estado nos reconhece como cidadãos quilombolas, com direitos garantidos dentro do nosso próprio território. Estamos extremamente felizes, porque nossa família resistiu e preservou as tradições por todos esses anos. A nossa vitória está chegando, e vamos continuar mantendo viva a memória dos nossos ancestrais”, afirmou Cleumara.

O documentário será lançado no dia 24 de junho, no Curral Tradicional Lindolfo Monteverde, e também será disponibilizado para escolas e instituições do município, além de publicado no YouTube.

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