Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos. O falecimento ocorreu às 2h35 no horário de Brasília (7h35 no horário local), e foi confirmado pelo Vaticano, que ainda não divulgou mais detalhes.

Francisco se recuperava de uma pneumonia e havia passado 38 dias internado.

Em comunicado oficial, o Vaticano afirmou:

“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.”

As cerimônias fúnebres seguem uma programação oficial. Confira os principais ritos, no horário de Brasília:

14h – Missa de sufrágio na Basílica de São João de Latrão, em Roma, celebrada pelo cardeal Baldo Reina.

15h – Rito de constatação da morte e deposição do corpo na Capela de Santa Marta, presidido pelo camerlengo Kevin Farrell.

O papa Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma — uma decisão rara. A última vez que um pontífice foi enterrado fora da Basílica de São Pedro foi em 1903, com o papa Leão XIII.

Juventude e vocação religiosa

Filho de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio cresceu em um bairro operário de Buenos Aires, na Argentina. Formou-se técnico químico antes de entrar no seminário jesuíta. Foi ordenado padre em 1969.

Como jesuíta, destacou-se pela humildade e dedicação aos estudos e à educação. Tornou-se provincial dos jesuítas na Argentina e, mais tarde, arcebispo de Buenos Aires em 1998, sendo criado cardeal em 2001 por João Paulo II.

Estilo de vida simples e mais próximo do povo

Recusou luxos do Vaticano, como o palácio apostólico, e preferiu morar na Casa Santa Marta, uma residência simples;

Adotou uma linguagem mais direta e acessível, buscando aproximar a Igreja das pessoas comuns, especialmente dos marginalizados.

Reforma da Cúria Romana

Promoveu mudanças estruturais na administração do Vaticano para torná-la mais eficiente e transparente;

Criou o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, reunindo áreas como caridade, justiça e ecologia;

Reformou o Instituto para as Obras de Religião (o "Banco do Vaticano") para combater a corrupção e melhorar a transparência financeira.

Foco nos pobres e nos marginalizados

Defendeu constantemente os direitos dos pobres, refugiados e migrantes;

Lançou campanhas e iniciativas da Igreja para acolher imigrantes e combater a fome e exclusão social.

Defesa do meio ambiente

Em 2015, publicou a encíclica Laudato Si', que é um marco na doutrina social da Igreja ao tratar da ecologia integral, unindo cuidado com o planeta e justiça social.

Abertura ao diálogo e inclusão

Promoveu um diálogo inter-religioso ativo, com encontros históricos com líderes muçulmanos, judeus, budistas e ortodoxos;

Incentivou uma abordagem mais acolhedora a fiéis em situações irregulares, como divorciados recasados e pessoas LGBTQIA+ — sem mudar a doutrina, mas abrindo portas para escuta e misericórdia.

Sínodos e escuta do povo de Deus

Organizou sínodos importantes, como:

Sínodo da Amazônia (2019), discutindo a realidade dos povos indígenas e a presença da Igreja na região;

Sínodo da Sinodalidade (2021–2024), propondo uma Igreja mais participativa, onde todos tenham voz.

Canonizações importantes

Canonizou figuras significativas como:

São João Paulo II e São João XXIII; 

Santa Teresa de Calcutá; 

Carlos de Foucauld, entre outros.